sábado, 2 de janeiro de 2010

Poder é Saber?

Sessão da AM de 30-12-2009
Debaixo da senha: “Poder é Saber?”

Sem expectativas ‘furadas’ se realizou a sessão da AM de Felgueiras, na noite de 30 de Dezembro de 2009, no novo Salão da CMF, tendo terminado já de madrugada, às 3 horas.
A maioria aprovou tudo. A(s) ) oposição(ões) fez o seu papel, nomeadamente a afecta ao MSP, com elevação e conhecimento de causa mostrou saber e conhecer o seu papel. Demonstrou ainda querer cumprir e zelar pelos interesses daqueles Felgueirenses que confiaram no Movimento Sempre Presente e não só, no dia 11-Out-2009.
Porque escolhemos a expressão acima para falarmos desta reunião?
Sem querermos ser os únicos a saber ver e dizer constatamos nesta 1ª reunião, já a sério, que as lentes do poder, qualquer que ele seja, no caso em apreço o novo elenco Camarário e dos seus Membros da AM se focalizaram duma determinada maneira e tiveram muita dificuldade em conseguir ver e/ou ler o texto da(s) oposição(ões). Nada que nos espante, como já dissemos. Cremos até que já se conseguiu vislumbrar aqui e ali alguns assomos de uma ‘ditadura da maioria’. Esperamos que não se repita.
Mas devemo-nos questionar!?
Este role de acontecimentos, esta postura entre poder e oposição tem forçosamente que se desenrolar debaixo do princípio de quem está no poder tem sempre razão porque consegue ver aprovadas, sempre, as suas posições e os outros não têm razão porque não conseguem, praticamente, fazer aprovar nenhuma das suas propostas ou ideias?
Mais, será razoável que o tempo disponível para as intervenções da oposição ou oposições, no seu todo, seja inferior ao tempo da maioria. Esta regra é consensual, democrática? Ou seja, os membros da Assembleia Municipal que pertencem à força política de quem está no poder, em sede de análise dum documento e discussão têm que contentar-se, ser capazes de em menos tempo fazer, já não digo mais e melhor, mas igual trabalho dispondo de menos tempo para o realizar. Repito, é isto aceitável, razoável? Se me respondem com o Regimento, eu direi: Mude-se para um mais razoável!
A dificuldade de se dizer o que se viu nesta reunião não é mais difícil do que qualquer outra tarefa humana observável. Acabamos quase sempre, senão sempre, com a sensação de que a realidade que aconteceu se nos escapa, ficando essa realidade sempre para além do que conseguimos dizer acerca dela e assim alguns quantos avaliarem o que lá se passou apenas pelos resultados, leia-se documentos aprovados.
E isto acontece, na nossa opinião, em primeiro lugar, porque uma boa parte dos cidadãos não assiste ao debate, não o acompanha, nem procura saber minimamente o que lá se passou e o público em geral não nutre por estas questões grande interesse ou simpatia.

Voltando à sessão do dia 30 de Dezembro de 2009.
O que lá vimos foi uma oposição do MSP (a do PS também senão fora uma linguagem um pouco off até deixaríamos de lhe referir), em acção e a maioria a reagir. Mesmo esta, a maioria, com tempo, no seu tempo disponível, para se recrear e intervir. Chegando mesmo, creio eu, se a memória não me falha, a não esgotar os minutos à sua disposição, depois de ouvirmos alguns discursos apenas ou quase para cumprir calendário, leia-se, procurando fazerem-nos sentir que estavam lá.
O aspecto que aqui menciono (para alguns tempo a mais e algum desperdício do mesmo) reforça a nossa posição de que a distribuição de tempo para análise e intervenção, também por isto, deveria ser alterada, no sentido de uma maior justiça distributiva e em prole duma maior e melhor qualidade no debate.
Com esta nossa postura queremos tentar escapar aquilo que Rossellini disse: “O mundo hoje é um mundo demasiado inutilmente cruel”. Crueldade no contexto de um debate político significa para nós condicionar a fim de se conseguir algo, violando a personalidade de um qualquer que manifeste exprimir um pensamento, uma ideia. Verificando-se ao mesmo tempo por parte de alguns um voyeurismo nas intervenções e um desejo de se ser o mais ‘pueril’, infantil, ignorante, possível.
Como diria alguém o que nos deforma hoje não são as intervenções ruidosas, são as proposições que não têm o mais pequeno sentido, interesse, sem importância, por isso são piores que falsidades.
Os argumentos falsos não são os mais perigosos pois podem e normalmente até dão um certo gozo desmontá-los. Já as palavras sem sentido, sem interesse, sem importância ferem a nossa capacidade auditiva, desconcentram-nos da finalidade dos nossos propósitos e levam-nos muitas vezes a desistir.
Posto isto, para que a oposição não se acomode e canse deverá reflectir e propor uma nova redistribuição do tempo para o uso da palavra na nossa Assembleia Municipal.
31-12-2009
Rui Silva